domingo, 7 de julho de 2013

JOAQUIM EGÍDIO - VIAJAR, COMER, FOTOGRAFAR, PEDALAR, CAMINHAR,...

Ao longo da pequena estrada que corta o distrito de Joaquim Egídio encontram-se
dezenas de Primaveras floridas.

É interessante como muitas vezes sabemos muito sobre locais que estão distantes de nós por centenas de quilômetros, as vezes encontram-se em outros países e continentes, mas frequentemente sabemos pouco ou quase nada sobre locais que estão praticamente em nossos "quintais".
E foi isto o que ocorreu comigo sobre este local interessantíssimo distante apenas 50 km de minha casa!
Depois de quase dois meses de trabalhos intensos e de ter acumulado uma vontade mega-monstro de entrar no mato para fotografar, procurei por alguma opção de destino próximo à minha cidade, visando assim satisfazer esta necessidade urgente e premente.
Surgiu aí mais um agravante...minha esposa iria comigo e ela não compartilha de minha paciência em ficar horas no mesmo local, somente para conseguir fotografar aquela minúscula ave que mais parece um filhote de pardal, portanto o local deveria ser interessante para ambos.Pesquisei em alguns blogs de viagens, sites de turismo/aventura e de esportes outdoor.Não encontrei muita coisa diferente dos tradicionais destinos - Brotas,São Pedro -e outros que dependiam de percorrer grandes distancias e consequentemente pernoitar no local - algo que não queriamos!
Acabei encontrando algo em um blog sobre Pedal (Bikes) falando sobre o distrito de Joaquim Egídio, pertencente a cidade de Campinas, uma das maiores cidades do país, um polo de desenvolvimento e tecnologia e distante apenas alguns quilômetros de casa.

Aquele sossego típico de uma área rural,
mas com uma pitada de sofisticação.Assim é
o distr. de Joaquim Egídio.

Busquei agora por novas informações e descobri que o local é remanescente do período do café e além de construções do sec. XIX, possui ainda diversas Fazendas  operantes e outras transformadas em opções de turismo.Existe ainda uma legião de entusiastas que procuram o local e suas trilhas para a prática de Treking, Pedaladas,Jipeiros, Motos e Quadriciclos.
Lá encontra-se também o Observatório de Capricórnio, localizado na Serra das Cabras (ou Morro das Cabras).

COMO CHEGAR AO LOCAL

Saímos de Americana em um sábado de Sol intenso e escolhemos o caminho que segue pela rodovia D. Pedro I, partindo de Campinas até a saída 122.Este é o trevo que dá acesso a Valinhos e Joaquim Egídio, portanto ao entrar no mesmo faça o contorno a esquerda passando por baixo do viaduto, sob a rodovia e siga em sentido a uma pequena ponte sobre um rio que margeia a pista neste local.
A partir dali são 03 Km até o distrito - na verdade uma pequena vila, com ruas de paralelepípedos e algum comércio - onde você deve encontrar uma pequena avenida, vire a direita e após 500 mts existe um posto de combustível  desativado (pelo menos estava quando fomos).

Este posto desativado serve como estacionamento para os veículos do pessoal dos pedais.Ponto de partida para diversas trilhas próximas ao local.
Neste ponto existe uma bifurcação, seguindo em frente você chega ao Pico das Cabras e virando a esquerda você pode já avistar uma pequena avenida com canteiro central, onde haviam dezenas de carros estacionados neste dia.


Uma nova bifurcação existe neste local e aqui você já encontra uma das maiores atrações do local, portanto estacione o carro e siga a pé pela esquerda.Novamente haverá uma pequena ponte sobre um riacho e logo a frente uma cancela, indicando que este é o limite para a circulação de carros no local.A partir daí inicia-se uma ampla e belíssima rua de terra batida, estendendo-se em um percurso de aprox. 2.000mts margeado por arvores de todos os tamanhos - algumas com certeza são centenárias - arbustos e moitas de bambus que deitam-se  sobre a rua formando verdadeiros túneis,além de um simpático riacho que acompanha você por todo o percurso.

Um riacho de águas transparentes (não sei se é potável) corre paralelo a esta via.

Diversas entradas ao longo do caminho chegam a margem do riacho

Vista da pequena rua.A vegetação formou túneis por todo o percurso, somente pequenas áreas tem Sol.

Vista do pequeno riacho.

Arvore gigantesca existente na borda do caminho.Uns 20 mts. de altura provavelmente.
Neste local encontramos pessoas de todas as idades, casais, famílias com crianças, idosos e grupos de jovens, caminhando e também varias pessoas em bicicletas.Encontramos também um grupo da Guarda Municipal montados em bikes, patrulhando o local (havíamos lido algo sobre assalto a ciclistas, mas eram em trilhas afastadas) e ainda alguns cavaleiros - existe no início da via um centro de Equoterapia - o que explica os montes de caca que encontramos em alguns trechos.


Segurança, tranquilidade e ar puro em um local fantástico para se exercitar.
Bom...entramos na via e eu só com a 5D MarkII e uma lente 28/200mm, afinal vamos conhecer e registrar este local: "aqui nem deve ter nenhum pássaro...", pensei eu.Conselho de amigo, nunca saía de casa sem sua super-tele, mesmo que ela pese uns 8 quilos e você vá ter algum tipo de problema na coluna, pois caminhamos algumas centenas de metros e eu ouvi algumas pancadas em madeira, típicas de Pica-paus...
Começamos a procurar e logo encontramos dois exemplares de Pica-pau verde barrado (Colaptes melanochloros), mas para variar estavam em uma árvore bem alta e eu só com 200 mm, portanto...


Exemplares de Pica-pau verde barrado, foi o que deu para salvar na foto...
Começamos a caminhar agora com a nossa atenção dividida entre a bela paisagem e os possíveis ruídos e movimentos na mata que nos cercava.Não demorou para encontrarmos outras espécies, algumas não puderam ser fotografadas devido a distância e outras voaram rapidamente, mas ainda assim ficamos espantados com a tranquilidade destas espécies, pareciam estar acostumadas a aproximação de pessoas (cheguei a menos de 50 cm de alguns indivíduos).

Teque-teque (Todirostrum poliocephalum) - chegou a poucos centímetros da lente.

Choca da Mata (Thamnophilus caerulences)


Teque-teque (Todirostrum poliocephalum)

Teque-teque (Todirostrum poliocephalum)

Bico chato de orelha preta (Tolmomyias sulphurences)

A paisagem muda em alguns trechos revelando locais como este, onde sempre havia alguma ave por perto.


Depois de devidamente percorrido e registrado o caminho resolvemos continuar o nosso passeio e seguimos agora para o caminho da direita na bifurcação.Estávamos com fome já e havia ali uma placa sobre um restaurante a 10 Km daquele ponto, portanto seguimos em frente pela estrada de terra (em boas condições nesta ocasião) seguindo as placas que indicavam "Usina Jaguari" e rodando com muito cuidado, afinal cruzávamos a todo instante com grupos de ciclistas em suas montain-bikes super equipadas, passando por nós em uma velocidade que deve beirar o Mach 3!Coisa de maluco...
A paisagem é muito bonita valendo a pena algumas paradas para fotografias.A vegetação lembra muito a de Cerrado, com muitas rochas gigantescas adornadas com Cactus enormes em suas frestas, além dos vales cobertos de vegetação.

Uma panorâmica da paisagem típica do caminho
Seguindo sempre as indicações para a Usina Jaguari e depois de 10 Km você chega ao Bar e Restaurante do Vicentão.Um local bem simples mas muito bonito, com muitas flores e um Ipê Amarelo que fazia a festa de dezenas de Beija-Flores, de várias espécies que sofriam com a perseguição dos Rabo de Tesoura.Esta ave é realmente muito chata, fica espantando todo mundo da arvore, querendo ficar com o alimento somente para si e acaba nem comendo direito com tanto trabalho...


Myiarchus sp.

Dezenas de beija-flores em um balé da Natureza.

Cansei de voar...


Rabo de Tesoura - o carinha chato!!!


Bico-reto de banda branca
Pretendíamos almoçar no local mas o mesmo só seria servido após as 12hs e achamos melhor não esperar.Na ocasião fomos informados que o valor era de R$ 29,90 por pessoa, sistema self-service a vontade, mas achei que havia pouca opção de variedade portanto o preço estava um pouco salgado, talvez devido a falta de outras opções próximas ao local...

Vista do Bar e Restaurante do Vicentão


A festa com os Beija-Flores.
Foto: Mônica B. Pompeo

Camuflagem de Bananeira!
Foto: Mônica B. Pompeo

Saímos dali e voltamos até um trecho do caminho onde existe uma pequena igreja e neste local havia uma placa indicando "Observatório" no sentido contrário ao que tínhamos vindo - o Vicentão havia nos informado que este caminho levaria a rodovia- e seguimos nesta direção, procurando algum local para almoçar.Chegamos a rodovia onde havia a indicação para o Pico das Cabras/Observatório a esquerda e para a vila seguindo a direita, optamos por voltar a vila e almoçar por lá.
Passamos por diversos restaurantes a devo confessar que achei todos muito ostentativos.São estabelecimentos com cozinha sofisticada, manobristas e preços não muito atrativos (pelo menos para os meus padrões).Acabamos parando no restaurante "Feijão com Tranqueira" a acho que foi a melhor opção para nós.


Lá eles servem diversos pratos a la Carte (Self Service apenas aos domingos) e a especialidade do local é o prato que dá nome ao restaurante, o famoso Feijão com Tranqueira! Trata-se de um Feijão cozido com diversas iguarias tais como Paio, Calabresa e Bacon, lembrando uma feijoada "light".O local é bem agradável com uma decoração baseada em peças antigas e capas de discos de vinil antigas.A trilha sonora é bem agradável composta por músicas sertanejas da raiz, passando por Sergio Reis e clássicos do gênero da década de 80.



Existe ainda uma área externa com mesas entre as arvores ou sob uma pequena varanda, tornando a experiência de comer no local muito mais atraente.

Vista do pátio externo

É nóis...
Na hora de fazermos nosso pedido ficamos na maior dúvida pois queríamos experimentar a especialidade da casa mas também queriamos comer uma porção de torresmo (sim...eu tenho alguma tara por Torresmo!!!) e também experimentar uma linguiça caipira.A atendente nos alertou que os pratos são para duas pessoas mas que dependendo do apetite, até 04 pessoas comem.Não ouvimos ela e pedimos TUDO!
Dá uma olhada no estrago...

TORRESMO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

O Feijão com Tranqueira

O exagero!
Comemos muuuiiitoooo e ainda sobrou muuuiiitaaaa comida -aliás peça suco em jarrinha, na verdade vem uma jarra com mais de 1 litro de suco, que acabou sobrando também - e diante de nossa tristeza fomos informados que possuem embalagens para viagem, pronto a janta estava salva...

A fachada do restaurante.Excelente pedida.
Do ponto de partida saindo da vila são 9,2 km peça rodovia.Vale a pena comer no local!
Depois de quase explodir de tanto comer seguimos agora em direção ao Pico da Cabras, local mais famoso deste destino.Do ponto de partida são 16,7 Km até a portaria do local, bem em frente ao Observatório de Capricórnio (que só funciona aos domingos, segundo me informaram).
Siga pela rodovia e após o termino do asfalto mantenha-se a direita, seguindo por mais 4,7 Km.

A entrada para o Pico da Cabras
No local existe um estacionamento e uma pequeno bar, cobram uma taxa de R$ 5,00 por pessoa como ingresso e estacionamento.Informaram também que é possivel acampar na área e alguns corajosos passam a noite ao relento.Vimos muitas motos de trilha entrarem no local.
Seguimos por uma pequena trilha, passamos por várias porteiras, muitas vacas e muita caca destas e cada vez mais nos aproximavamos de imensas rochas, que pareciam brotar do chão ou então que alguém as havia distribuido, como em um imenso jardim.A cada nova curva do percurso as sombras projetadas nas reentrâncias destas rochas mudavam a nossa percepção das suas formas.

Vista das pedras da Agulha e da Águia. 



O tamanho das rochas impressiona.

Cortes e formas que parecem ter sido feitos propositalmente.

Seguindo pela trilha chega-se a uma pequena porteira indicando as Pedras da Agulha e da Águia a direita, mas virando a esquerda temos uma elevação feita de rochas.Subindo por elas chegamos a uma pequena mata onde funciona o "camping" (?????) e atravessando a mata (poucos metros) chega-se a Pedra Mor. Na verdade uma imensa rocha na beira de um penhasco que dá uma visão panorâmica do vale.Parece que este é o ponto mais elevado do município.


Elevação que dá acesso a Pedra Mor.
Fotos: Mônica B. Pompeo

Vista Panorâmica do vale a partir da Pedra Mor.

Ficamos um pouco desapontados neste local, mas não foi com a vista e sim com as condições do mesmo.Muito lixo deixado pela trilha e também nas bordas da pedra.Haviam algumas churrasqueiras espalhadas pelo local, com cinzas e carvão jogados em torno das mesmas.Entrei na mata seguindo a trilha deixada pelas motos e encontrei muito lixo, embalagens plásticas e até roupas descartadas.Ponto negativo para os frequentadores.
Voltamos pelo mesmo caminho em direção as pedras, pois haviamos avistado muito rapidamente um Beija-flor belíssimo entre as flores nativas que cresciam entre as rochas e queriamos tentar registra-lo.
Nesta hora o Sol já estava abaixando e as sombras projetadas davam aao local um aspecto fantástico, parecendo uma paisagem lunar.

O beija-flor misterioso...
Foto: Mônica B. Pompeo

A paisagem através de uma 12mm

Idem

A semelhança agora é com alguns templos que vimos no Egito.Seria isto um monolito inacabado???

Incrível mesmo, parece que foram cortadas com uma faca.
Nesta hora comecei a ser atacado por pernilongos e decidimos voltar, porém quero ainda voltar ao local e ficar lá até anoitecer para realizar algumas fotos noturnas.Em breve...
Achamos esta experiência muito interessante e pretendemos voltar mais a Joaquim Egídio, seja para passarinhar, ou para caminharmos, ou ainda para comer até passar mal.Ou então para contemplarmos as belezas e mistérios da mãe natureza.De qualquer forma recomendamos este passeio sem restrição alguma. Aproveitem!!!