sábado, 23 de novembro de 2013

RESERVA SALTO MORATO - O FINAL DA VIAGEM

O sábado amanheceu com um céu cinzento e encoberto por nuvens, mas ainda assim decidimos manter a nossa proposição de seguirmos até Guaraqueçaba.

Rumo a Guaraqueçaba...
Para mim o dia não começou muito bem, pois na noite anterior depois de nossa chegada ao alojamento, descobri estar com o pé direito cheio de bolhas (algumas já haviam estourado). Não sei exatamente o que ocasiona bolhas nos pés, já que o calçado não era novo, mas eu consegui me superar desta vez. Dava para lavar o carro com a água acumulada em meus pés!
A partir daí virei o "manquetola" da turma, sempre chegando por último e depois das aves já terem se mandado do local...sniff, sniff!

Café da manhã na casa do Jurandir
Para agilizarmos o processo decidimos tomar o nosso café da manhã na casa do Jurandir, no caminho entre a Reserva e a estrada para Guaraqueçaba. Embora eu não coma bananas, o pessoal curtiu muito uns bolinhos de banana, fritos em uma massinha doce. Teve gente que pediu até a receita.

O pier em Guaraqueçaba
Chegando na cidade pudemos comprovar algo que haviam nos contado anteriormente. A entrada da cidade esta interditada devido a uma disputa política e tivemos que fazer vários desvios por ruas secundárias, para enfim chegarmos a um local, onde segundo o nosso guia encontraríamos o Savacu-de-coroa.
A maré estava muito baixa e a água havia recuado dezenas de metros. Mas logo pudemos ver os primeiros exemplares caçando no lodo deixado pela maré baixa.

Savacu-de-coroa (Nyctanassa violacea)
Todo mundo querendo garantir a sua foto, quando o Luciano nos avisa que em cima do pier haviam diversas aves e que poderíamos ainda nos aproximar mais.
Todo mundo correndo, menos eu que estava manquetola...


Mas realmente eles ficaram quietinhos pousados no pier e ainda deram um show para as fotos. Teve sequencia de voo, Bico aberto, fechado, abaixado, em dupla,etc...




Savacu-de-coroa (Nyctanassa violacea)
Foi muito emocionante estar ali, a poucos metros destas aves e poder registra-las com tanta facilidade.
Aproveitamos para conferir os resultados e para fazer a foto da turma reunida.

Da esq: Pompeo, Vilela, Danilo, Luciano, Ubaldo, Peterson, Dú e Gustavo
Neste momento o nosso amigo Peterson lembra que ainda não tínhamos feito nenhum vídeo de nossa viagem, pelo menos nenhum com a turma. Sugeriu então que fizéssemos um Harlem Shake!
Legal, fantástico, supimpa, pândego........................mas o que é Harlem Shake????
Ninguém (além dele é claro) tinha visto isto e como iriamos fazer a coreografia. Nem a música nós tínhamos.
Depois de algumas explicações resolvemos tentar e ver o que dava. O Peterson seria o maestro da vez!
Bom...tentem imaginar a reação das pessoas do local ao verem um bando de barbados, dançando freneticamente em cima de um pier e sem música alguma!
Não me lembro de ter dado tanta risada assim em nenhuma outra ocasião recente.
Posteriormente, durante a edição do vídeo, constatamos que a coreografia não estava casando com a música original e aí veio a grande sacada de usar outra música. Esta sim combinava com o nosso perfil.
E nosso vídeo acabou ficando SUPER ORIGINAL, criamos o "Harlem-passari-shake"!

Na volta para a reserva surgiu uma nova ideia. Comemorarmos  a nossa viagem com um churras de despedida. Passamos então no único mercado do local para comprarmos os ingredientes necessários.
Na sessão de carnes nós levamos um susto. Havia uma placa de oferta com " Filé Mignon por R$ 14,99"
Tinha gente querendo comprar uma caixa de isopor para trazer a carne para casa!
 Na hora do pedido o açougueiro aparece com uma peça de carne enorme, com osso e tudo! Acabamos de aprender que cada parte do boi tem nomes diferentes em localidades diferentes.
Algumas paradas no caminho de volta a reserva e vamos almoçar, pois na parte da tarde iriamos conhecer a atração que dá o nome a Reserva, o Salto Morato.



Vários brejos e alagados da região foram transformados em pasto para a criação de Búfalos, e desta forma é muito comum vê-los pelo caminho. Em uma de nossas paradas fomos até acuados por um destes valentões. Melhor não contrariar...
Já a poucos metros da portaria da reserva, paramos para observar um ninho de Tucanos quando nosso guia começa a nos reportar sobre outras espécies na área.
Em um espaço de poucos metros pudemos ver, ouvir e fotografar diversas aves, entre elas a Araponga, Gralha azul, Tiê do Mato-Grosso e um lifer para todo o grupo, o Pica-pau bufador!

Pica-pau-bufador (Piculus flavigula)

Gralha-azul (Cyanocorax caeruleus)
E como nem só de aves nossas lentes se alimentam, aproveitamos também para registrar esta bela Lagarta-pinheirinho.



Almoço de despedida com a turma do Jurandir e vamos para a cachoeira de Salto Morato! Bom...eu mancando atrás, né?
Desta vez não levei a teleobjetiva e me determinei a apenas fotografar a paisagem, afinal carregar duas câmeras e mais um monte de lentes, com o pé em carne viva devido as bolhas, é coisa de masoquista!
Primeiro uma parada no aquário, onde nossos amigos aproveitaram para se refrescar.

Gustavo, Peterson e Danilo sensualizando na web!
Faltou relatar que em função do feriado prolongado, havia um grande numero de visitantes na reserva, do gênero que pode ser descrito como "Turista Ocasional com ocorrência maior aos finais de semana, e que prove a si mesmo e ao grupo do qual fazem parte, de alimentação a base de farináceos, especiarias e miúdos" ou simplesmente FAROFEIROS!
É claro que o ruido nas trilhas já não era apenas do canto das aves e da água correndo, mas a presença de funcionários nestes pontos garantia um certo controle da massa.
E novamente mancando consegui vencer a parte restante da trilha, para poder enfim contemplar esta maravilha da Natureza, aqui em nosso querido país.

A cachoeira de Salto Morato
Uma cachoeira com aprox. 110 metros de queda, emoldurada por uma vegetação exuberante e que desemboca formando um pequeno e límpido riacho.


Para falar a verdade, eu nem sei mais se havia alguma ave nas redondezas, tamanha era a beleza daquela cena.
Aproveitamos para registrar o local e a nossa passagem por ali também!

Foto feita com 10 seg. de exposição. Difícil é ficar parado e nem mesmo piscar.

Este é um ser iluminado! Sempre meditando sobre as questões do Universo...

É nóis de novo!
Ficamos um bom tempo no local, alguns amigos aproveitaram para se refrescar novamente e depois que todos já haviam partido, começamos a nossa volta para o alojamento ( e eu mancando). Faltava o churras de despedida e arrumar as coisas, pois sairíamos bem cedo, rumo a Morretes. Lá nosso guia pretendia nos mostrar algumas jóias do local.


Naquela noite a chuva veio com vontade e embora não tenha chovido forte, a mesma foi constante e pela manhã ainda caia uma leve garoa.
A estrada que na vinda era puro pó, agora havia mudado. No lugar do pó haviam poças de água barrenta e muitos buracos que foram descobertos pelas enxurradas.
O jeito foi fazer o trajeto bem devagar, tentando desviar das enormes pedras que surgiam no pavimento.
Em determinado trecho nosso amigo Gustavo se descuidou e acabou batendo em uma destas pedras, danificando o protetor do cárter.
Parados para tentar remediar a situação, ele pergunta se alguém teria uma chave fixa de 10mm. O Danilo responde: "Pode ser esta?"
Para a surpresa de todos havia uma chave destas, abandonada na estrada, bem onde eles haviam parado o carro! Quando eu digo que a Sorte nos acompanha, parece frescura né?
De volta ao caminho, só que agora andando bem mais devagar e com cuidado redobrado, tivemos ainda uma nova surpresa. Bem na nossa frente acabara de passar um Jaó-do-sul.Paramos para tentar vê-lo e fotografar o mesmo, mas o que acabamos por presenciar foi uma dança de Tangarás, cortejando uma fêmea.
Só isto já valeu a viagem!


Vista panorâmica a partir do mirante.
Uma rápida parada no mirante, uma foto da turma e uma panorâmica da vista e seguimos viagem para Morretes. Faltava agora encontrar e fotografar o Topetinho Verde e o Rabo branco pequeno.
No caminho ainda pudemos ver um ninho raro de uma Andorinha e melhorar os registros do Trovoada.

Trovoada (Drymophila ferruginea)

Nosso guia nos levou por uma pequena via com chão de terra e em determinado ponto pediu para que parássemos.Um rápido play-back e eis que surge o Rabo-branco-pequeno.

Rabo-branco-pequeno (Phaethornis squalidus)
Mais algumas centenas de metros e chegamos a um pequeno sítio, com um casal muito simpático. No local havia uma casa bem simples, mas cheia de bebedouros para Beija-flores. E alí estavam os Topetinhos-verdes!

Topetinho-verde

Beija-flor-cinza

Beija-flor-preto
Devido a chuva e a nosso horário apertado, ficamos pouco tempo alí, mas eu gostaria de passar uma manhã inteira neste local incrível e poder fotografar com qualidade estas verdadeiras jóias aladas.
Voltamos para a cidade, almoço com o tradicional Barreado e a despedida de nosso corajoso guia. Afinal, aguentar guiar um bando de malucos como este é para poucos!
Mas para nós foi mais uma viagem marcante. Não apenas pelas espécies registradas ( ainda não tenho o número total do grupo), mas também pelas pessoas que conhecemos, pelas maravilhas que pudemos ver e pelas experiências que guardaremos em nossos corações.
Um grande abraço a todos que de alguma forma participaram conosco desta aventura!


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

RESERVA SALTO MORATO - PARTE II

Seis horas da manhã...e a turma já estava fotografando.
Depois de uma excelente noite de sono, em camas confortáveis, limpas e cheirosas, acordamos antes das 6:00 hs da manhã. Havíamos marcado o nosso café para as 8 horas e a ideia era fazermos um pequeno percurso nos arredores da administração, voltarmos para o desjejum e seguirmos por uma das trilhas da reserva.

Pica-pau-anão-de-coleira (Picumnus temminckii)
Não demorou muito para que começássemos a encontrar espécies fantásticas, bem pertinho dos alojamentos. Tiê- sangue, Rendeira, Pica-pau-anão-de-coleira, Cuspidor de mascara preta, entre outros passaram por nós a uma distância de poucos metros.

Cachorros-do-mato 

Beija-flor de fronte violeta em uma das flores de bananeiras.
Um pouco mais a frente pudemos ver um par de Cachorros-do-mato atravessarem calmamente a trilha, pararem para nos observar e depois desaparecerem na mata. Ao lado do Centro de Visitantes pudemos também observar algumas espécies de aves, entre elas um Beija-flor de fronte violeta dando um show nas belíssimas flores das Bananas-flor.
Cada um interpreta a cena como quiser
Pudemos também registrar cenas "interessantes" pelo caminho, mas não se trata de nenhuma espécie rara, pelo contrário...Esta parece estar se multiplicando muuuiiitoooo!!!!
De volta a Lanchonete para o nosso café da manhã, acatamos a indicação do nosso guia Luciano Breves e partiríamos em direção a Trilha da Figueira, a partir da bifurcação que também dá acesso a Trilha do Salto Morato. Mas cometemos um pequeno erro e combinamos o nosso almoço com o Jurandir para as 12:30 hs aproximadamente. Um erro porque não consideramos o fato de que nós não apenas iriamos percorrer a trilha, mas sim que pararíamos muito para fotografar as aves no caminho.

Perfeitamente camuflados na trilha da Figueira.
Ubaldo, Pompeo, Gustavo, Luciano Breves, Danilo e Peterson.
Tenho que citar as excelentes condições desta trilha (na verdade de todas), com caminhos abertos e limpos, pontes bem feitas e com material confiável (achamos muito criativo o sistema anti-derrapante usado, com uma camada grossa de Verniz e areia sobre o piso), funcionários percorrendo e removendo galhos caídos e bem sinalizada.
E também muito bem frequentadas! Pudemos observar, ouvir e fotografar diversas espécies. Destaque especial para o Barranqueiro-de-olho-branco, que após ter posado pacientemente para nossas fotos, nos revelou ainda seu ninho, construído em um barrando sobre um pequeno curso de água, em um local totalmente inacessível para fotos e aproximação, mas que nos permitiu a observação.


Barranqueiro-de-olho-branco (Automolus leucophthalmus)
 Bom...foi neste ponto que descobrimos o erro no horário de nosso almoço, pois não havíamos percorrido nem metade da trilha e já estávamos próximos do horário combinado. E teríamos ainda que retornar, portanto resolvemos voltar para a Lanchonete, descansar um pouco após o almoço e retomar a trilha, mas desta vez vindo pelo sentido contrário, ou seja, a partir do trecho que saí ao lado da Administração da reserva.



No percurso de volta, novos encontros e novas fotos!
Almoço animado com direito a brinde e mais algumas espécies nas árvores ao lado da lanchonete (o local é muito bem frequentado, inclusive no aspecto Ornitológico!)

Um brinde ao GRIFOO e a nossa nova aventura.
Da esq: Peterson, Dú Nyari, Gustavo, Pompeo, Danilo, Ubaldo e Luciano Breves.
NOVAMENTE NA TRILHA DA FIGUEIRA

Nosso trajeto ilustrado sobre o mapa fornecido pela Reserva.


Após o almoço e aquele pequeno cochilo para repor as energias, saímos para a trilha da Figueira, só que agora percorrendo o caminho contrário do anterior, ou seja, do ponto a partir da Administração em direção a bifurcação.
A trilha neste ponto começa bem plana, com um caminho bem amplo cercado de mata nos dois lados. Logo a frente é cortado por um pequeno riacho, raso mas largo o suficiente para uma travessia por cordas. Nada complicado, mas já deu aquele gostinho de aventura!

Ubaldo abrindo a fila...

Danilo na sequencia...

Peterson humilhando...

Pompeo dando uma dramatizada...

E Gustavo "sensualizando"!
Novamente na trilha encontramos algumas espécies que resolveram testar toda a nossa paciência e vigor físico! A primeira foi um macho de Rendeira (Manacus manacus), que provou estar entre as TOP 10 de aves mais chatas do país!
Ficamos uns 40 minutos andando de um lado para outro da estrada e nada! Ninguém conseguiu uma foto que preste. Alguns de nós não aguentaram e literalmente dormiram em pé!


Logo depois foi a vez de um Surucuá que deu uma canseira de uns 30 minutos, mas este pelo menos conseguimos fotografar.


Novamente na trilha, íamos entrando em uma área mais fechada agora, o caminho se estreitava um pouco mas a beleza era constante. Não apenas aves apareciam, como também flores e insetos. Tanta beleza acaba por "inspirar" as pessoas e despertam nelas o seu lado mais "sensível"...

Dá um look na camuflagem nível "Predador"

Sucesso dos anos 80...Karaokê Kid! 


Juro que a distância, achei que fosse uma Lagarta. Será algum artifício da planta para polinização?
O dia estava terminando e a luz diminuía rapidamente, pois parávamos muito para cada espécie encontrada. Em certo ponto da trilha, nosso guia ouve o som inconfundível de um Macuquinho e logo o encontra! Bom...ele o encontrou porque a gente não conseguia ver o bichinho. Uns acharam que era um rato, outros que era um Morcego e outros ainda não viram nada. Impressionante como o bicho se confunde com o ambiente. Para provar que é verdade o Luciano conseguiu filmar a espécie.Assista aqui!
Paramos novamente para fotografar uma Choquinha-de-peito-pintado, na verdade apenas eu e o Dú paramos. O restante do grupo continuou e logo a frente encontramos outra bifurcação, esta levava para a Figueira (que dá nome a trilha) ou de volta ao ponto de onde havíamos partido pela manhã. Não conseguimos ver para qual sentido haviam seguido e optamos por ir até a Figueira, acompanhados pelo nosso guia Luciano Breves. Só depois descobrimos que eles haviam tomado o outro rumo.
Esta foi a melhor escolha que fizemos nesta viagem! Eu explico...
Uma das minhas metas para esta viagem era conseguir espécies que me proporcionassem a marca de 300 lifers publicados no WikiAves, sendo que até este momento deveria estar próximo desta quantia.
Quando chegamos ao final da trilha e pudemos contemplar a beleza desta árvore centenária, seu tamanho colossal e a quantidade de Vida que abriga, paramos em um pequeno deck que existe alí.Comecei a observar todos os seus detalhes, extasiado com tanta informação, quando subitamente nossa atenção é voltada para um estardalhaço entre a vegetação e algo que pousou bem acima de nossas cabeças, em um alto galho da Figueira.
Um misto de Alegria, Admiração, mas também de Pesar! Um Gavião-miudinho  acabara de capturar e tentava abater uma fêmea de Tangará. Foram minutos tensos, enquanto a ave agonizava sob as garras do implacável predador. Mas este é o ciclo da Vida, a Natureza crua e verdadeira.

Gavião-miudinho (Accipiter superciliosus) predando uma fêmea de Tangará
Agradecido por ter tido este privilégio, pude comemorar depois a marca dos 300 lifers alcançados, justamente com esta foto memorável.
Terminava desta forma, com chave de Ouro, o nosso segundo dia de viagem!Calculamos ter caminhado mais de 7 quilômetros neste dia. Para o dia seguinte planejamos sair da reserva e seguir até Guaraqueçaba, para tentar fotografar algumas espécies costeiras.
Mas isto fica para o próximo post...